Como as eleições em 2024 na Venezuela pode impactar a geopolítica mundial (versão em Português)

Em 28 de julho de 2024, em um domingo, milhões de venezuelanos foram as urnas para votar nas eleições presidenciais do país e escolher o novo presidente pelos próximos seis anos. A partir desse acontecimento, a situação política e social na Venezuela se agravou, tanto dentro do país, quanto no resto do mundo, principalmente na América Latina, a começar pela insatisfação popular no atual presidente autoritário Nicolás Maduro. Com uma das inflações mais altas do mundo, a Venezuela vem enfrentando desde o antigo presidente Hugo Chavez, uma grande crise econômica em razão no novo modelo econômico, o modelo chavista, mantido pelo atual presidente venezuelano. Em 2015, dois anos após a sua posse, Maduro causou uma inflação de 180 por cento, a maior do mundo naquela altura, e em 2017 atingiu a hiperinflação, de 130.000 por cento. Além disso, a forma do presidente de lidar com a oposição causa grande descontentamento na população, uma vez que o mesmo manda para a prisão os que se manifestam contra o atual governo, agindo de forma autoritária sobre os venezuelanos.
Tanto a população venezuelana, quanto os governos dos demais países vem se posicionando contra o resultado das eleições do dia 28/07 deste ano, visto que há dúvidas de que Nicolás Maduro realmente ganhou na disputa contra Edmundo Gonzalez. O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela divulgou que Maduro ganhou com 51,22% dos votos validos. No entanto, a contagem realizada a partir das atas de votação mostra que Edmundo Gonzalez ganhou a disputa com 70 por cento dos votos. Isso levou os demais países a questionarem Maduro sobre os resultados, levando em consideração que o mesmo disse que haveria um "banho de sangue' se não ganhasse as eleições, e está mandando todos os manifestantes que questionam os resultados para as prisões.
Com o governo de Maduro, a Venezuela esteve cada vez mais isolada. O país foi suspenso do Mercosul, a maior organização união econômica da América Latina, por não cumprir com as obrigações assumidas no Protocolo de Adesão, além de ter saído da Organização dos Estados Americanos, cortando relações com os Estados Unidos. A partir disto, os protestos no país contra o então presidente se intensificou, de forma a levar os manifestantes. Com os resultado das eleições, é possível que o que pode acontecer a partir de agora seja sentido em toda a América, incluindo nos Estados Unidos, principalmente através da migração. Aproximadamente oito milhões de venezuelanos já saíram do seu país desde o governo de Chavez, a 18 por cento da população afirmou que irá embora do país até o final do ano de 2024. Além disso, a União Europeia, os Estados Unidos e mais dez países da América Latina não reconheceram a vitória de Nicolás Maduro, fazendo com que as relações de Venezuela com os países europeus se enfraqueçam cada vez mais, além de isolar o país das relações com a América Latina.
Com as sanções dos Estados Unidos a Venezuela e o enfraquecimento das relações com diversos Estados, relações estas que seriam benéficas ao país, a Venezuela se encontra cada vez mais isolada no sistema internacional. Este isolamento traz problemas, tanto internamente para o país, quanto externamente, uma vez que prejudica os países com as quais as relações foram deterioradas. Se o país, que possui a maior reserva de petróleo do mundo, já estava com dificuldades de vender petróleo ao resto do mundo, agora está dificuldade se intensificará. E isto leva a outra questão. Se antes, a Venezuela já apresentava uma grande dificuldade financeira devido a obstáculos para a venda do petróleo, esta dificuldade também irá se ampliar.
O governo venezuelano tem priorizado relações com países de governos também autoritários, como o Irã, a Rússia, a China e Cuba. Nota-se que, atualmente, o mundo enfrenta uma crise a democracia por diversas razões, como o aumento do neofascismo na Europa e o aumento de governos autoritários e populistas na América Latina. Assim, a crise na Venezuela se soma aos crescentes exemplos do enfraquecimento da democracia em variadas partes do mundo.

Por Ana Júlia Teodoro Fernandes