O futuro da ordem internacional explicado por Francis Fukuyama, autor de Relações internacionais: como a Nova Era Trump pode ter implicações nisto

13-02-2025

Francis Fukuyama, um autor muito estudado nas Relações Internacionais por suas obras que marcam a ciência política, a geopolítica e as relações internacionais, pode ajudar-nos a perceber melhor o futuro da ordem internacional nas relações internacionais, dado os últimos acontecimentos internacionais, principalmente a tensão comercial entre Estados Unidos e China. Fukuyama, no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, diz que a humanidade chegou nume evolução ideológica, que a forma final seria a universalização da democracia liberal, com a busca pela liberdade. O autor, no contexto do fim da guerra fria, movimentos separatistas e fortalecimento de movimentos contra as ditaduras na América Latina, diz que ao conseguirmos alcançar esta forma de governo que respeite a liberdade individual, a história chega ao fim. Fim dos conflitos ideológicos que estiveram presentes durante toda a história. Assim, a paz prevaleceria. No entanto, ele afirma para que o fim da história serviria para que a história começasse de novo, com novas ideologias que desafiam o liberalismo, exatamente o que temos visto no mundo. Ideologias e acontecimentos que podem fazer frente com a democracia liberal mundial. Mas o que a guerra comercial entre China e Estados Unidos tem a ver com isso? E como isto pode influenciar a ordem internacional? 

Mais ou menos na mesma época, em 1989, ocorreu o consenso de Washington, que definiu, então, que a ordem internacional seria a ordem liberal, e que dessa forma as relações internacionais aconteceriam seguindo as medidas definidas no consenso, de acordo com uma ordem liberal. Isto comprova as ideias de Fukuyama de que o fim da história e dos conflitos ideológicos se daria numa ordem internacional liberal. Isto se cumpriu durante alguns anos, mas nas últimas décadas, a ordem liberal vem sendo desafiada por algumas novas ideologias, principalmente pelas ideologias definidas no Consenso de Pequim. Neste Consenso, decidiu-se que a China não iria seguir a então ordem, mas uma ordem completamente diferente, com o objetivo de aumentar sua influência enquanto super potência hegemônica, e diminuir a influência dos Estados Unidos enquanto outra super potência hegemônica, transformando a forma como aconteceria as Relações Internacionais. 

A guerra comercial entre China e Estados Unidos, o fato de os dois países imporem tarifas e barreiras, evitando o comércio um com o outro já diz muito sobre o assunto: é um embate, onde os Estados Unidos representam o liberalismo dito por Fukuyama, e as ideias da China do Consenso de Pequim, que põem em causa este liberalismo que, por vir dos Estados Unidos, influenciam os demais países parceiros. Como já dito aqui neste blog, o principal projeto da China atualmente é a Nova Rota da Seda. O que a China deseja é criar uma nova ordem internacional diferente da liberal, uma ordem oriental, onde a China é a principal potência e controla o que entra e sai nos demais países. Isto confirma o que o autor de Relações Internacionais diz ao dizer que o "fim da história", ou seja, o liberalismo, abrira portas para que surgissem novas ideias que o desafiasse, e o poria em causa. E é por isto que o atual governo de Trump busca impedir que a China forneça e venda produtos aos Estados Unidos. Pois a intenção da China é aumentar sua influência no sistema internacional na nova ordem a ser criada, e diminuir a influência dos Estados Unidos.

E é o que estamos a observar no momento. Atualmente nota-se claramente no mundo que a ordem internacional não é mais a ordem liberal. A história, segundo Fukuyama, começa novamente. Atualmente, a ordem internacional encontra-se instável. Nem mesmo os pesquisadores de relações internacionais sabem definir ao certo como se encontra a atual ordem que define as relações internacionais. De fato, com toda a certeza, estamos em transição, caminhando para uma nova ordem internacional, onde, provavelmente, será controlada pela China, através da Nova Rota da Seda já explicada aqui neste blog. E a guerra comercial entre China e Estados Unidos se da devido a esta situação: evitar que a China torne a América uma de suas zonas de influência, e evitar que a mesma diminua o poder dos Estados Unidos frente aos demais países.

Alguns dizem que estamos frente a uma espécie de "Nova Guerra Fria", em que há duas principais potências mundiais, batalhando para aumentar a sua zona de influência e diminuir a zona de influência do concorrente. Outros dizem que não, que estamos frente a um mundo onde China de fato será a maior potência, dizendo que os Estados Unidos já perderam muito a sua influência, e não é mais tão poderoso quando já foi no passado, e por isto a ordem está em transformação. Cada analista de relações internacionais interpreta de um jeito, uma vez que o mundo, atualmente, se encontra instável, as relações internacionais se encontram incertas, e tudo vai se ajeitar quando a fase de transição da nova ordem terminar. E qual será, somente o tempo nos dirá. 


Por Ana Júlia Teodoro Fernandes

© 2024 World Space. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Webnode Cookies
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora